Dona de bar em Curitiba cansa de ouvir desaforos da maioria conservadora da cidade, deixa claro seu posicionamento político de esquerda, escancara o “fora, Bolsonaro” em seu perfil no Twitter e até nas sacolas do delivery’s. E, ao invés de falir, como profetizaram os bolsonaristas, conquista mais clientes, além de seguidores de todo o país, que prometem ir à capital paranasense para comemorar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL).
O nome da jovem é Giovanna Lima, tem 33 anos, e virou dona do Beck’s Bar depois que seu pai, Jefferson Eduardo de Lima, morreu vítima de um câncer, em 2019. Ele sustentou a família com o trabalho no bar desde 1980.
Muitos clientes bolsonaristas, ironizavam sua convicção política, faziam piadas racistas e homofóbicas. Ela aguentou por um tempo calada, mas, há algumas semanas, resolveu reagir e responder as provocações, tanto presencialmente quanto nas redes sociais, deixando clara a reprovação ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
No Twitter (BEK’S FORA BOLSONARO) Giovanna publica frases como “combater o fascismo é nosso dever moral” e “Bolsonaro precisa pagar pelas vidas que ele arruinou e pelo luto causado às famílias”.
No atendimento delivery, o cliente recebe o pedido em sacos de papel com a frase “Fora Bolsonaro”.
No dia 25 de julho, Giovana escancarou seu posicionamento político ao publicar um texto dizendo que quem apoia o genocídio não fará falta em seu bar e que ela prefere falir com dignidade do que ir contra seus princípios.
“Tem bastante gente que tem se incomodado com o nosso posicionamento, especialmente o político. Isso tem reverberado em comentários do tipo “perdeu um cliente”.
Deixo aqui avisado que cliente que apoia o genocídio de 500 mil brasileiros e ouras milhares de atrocidades DEFINITIVAMENTE não fará falta.
Eu prefiro falir com dignidade do que ir contra os meus princípios.
Se você apoia tanto seu presidente, posicione-se também em suas atitudes e não venha mais aqui.
Cliente fascista é livramento”, frisa Giovanna Lima.
O texto foi uma resposta aqueles que previram e erraram feioao dizer que desse jeito ela iria falir. Aconteceu exatamente o contrário, contou Giovanna ao colunista Chico Alves, do UOL.
“Desde setembro não fazia retirada (de dinheiro) e agora em agosto vou conseguir receber salário”, disse Giovanna.
“Perdi a conta de quantas piadas homofóbicas e racistas eu ouvi lá”, desabafou a dona do bar. “Nunca fiz questão de esconder nada. Tenho algumas camisetas com foice e martelo, tenho um boné do MST, tenho uma namorada e faço intervenções urbanas com poesia em Curitiba”.