Representantes da Ucrânia e da Rússia estão reunidos, nesta segunda-feira (28), para negociar um cessar-fogo para o conflito militar que chegou ao quinto dia. O encontro está sendo realizado em Minsk, capital de Belarus, que faz fronteira com os dois países e cujo governo é aliado do Kremlin.
“A questão-chave é um cessar-fogo e a retirada das tropas do território ucraniano”, disse um comunicado da presidência da Ucrânia sobre as expectativas para a negociação.
A Rússia não revelou quais demandas levaria à reunião. Vladimir Medinski, conselheiro russo que lidera a missão diplomática, afirmou que Moscou está aberta a um “acordo”. “A cada hora que o conflito se prolonga, cidadãos e soldados ucranianos morrem. Nós nos propusemos a chegar a um acordo, mas tem que ser do interesse das duas partes”, declarou.
Para a conversa com os russos, a Ucrânia enviou seu ministro da Defesa, Oleksii Reznikov. A reunião é em uma das residências do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, aliado de Vladimir Putin. O encontro não conta com nenhum presidente dos países envolvidos. O ministro bielorrusso das Relações Exteriores, Vladimir Makei, recebeu as delegações. “Podem se sentir completamente seguros”, disse.
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Mortes e refugiados
Enquanto prosseguem registros de explosões na capital Kiev e em Kharkiv, segunda maior cidade do país, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou em pronunciamento que não tem grandes expectativas de acordo com a Rússia. O Kremlin diz atacar apenas alvos militares, sem colocar em risco a população civil. A Rússia pede, ainda, que a população de Kiev possa deixar a cidade “livremente” e acusa Zelensky de usar ucranianos como escudos humanos.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos 102 mortes de civis foram registradas em decorrência do conflito, que também já fez 422 mil refugiados. O número apresentado pelo governo ucraniano, porém, é maior: 352 civis mortos e 1.684 feridos. Dados sobre as baixas militares no país não foram divulgados. A Rússia alega que perdeu mais de 4 mil soldados desde o início dos combates.
Tensão nuclear
Belarus comunicou que aprovou, em um referendo, uma nova constituição renunciando o status de país “não nuclear”. Outra mudança é o prolongamento do mandato do líder Lukashenko. O país abrigou tropas russas que rumaram à Ucrânia e poderá, a partir da mudança constitucional, permitir a alocação de armas nucleares em seu território pela primeira vez desde 1991, quando abdicou de ogivas herdadas da União Soviética.
“Se vocês [países ocidentais] transferirem armas nucleares à Polônia ou à Lituânia, para as nossas fronteiras, vou dizer a Putin para devolver as armas nucleares que dei sem nenhuma condição”, disse Lukashenko. No domingo (27), Putin já havia colocado as forças nucleares da Rússia em alerta de combate.
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Rússia sofre sanção inédita
A Rússia foi excluída do sistema financeiro Swift como sanção internacional pelo conflito na Ucrânia. Criado há mais de 50 anos, a Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication, Swift, em inglês), permite a bancos de todo o mundo trocarem moedas de maneira segura.
A sanção pode ter impactos significativos na economia russa. O país tem o segundo maior número de usuários do Swift, só perdendo em quantidade para os Estados Unidos. As 300 instituições financeiras da Rússia podem ter dificuldades no fluxo de pagamentos internacionais, impactando o comércio exterior. Até agora, é a medida mais dura tomada pelos países ricos contra a Rússia desde o início do conflito.
Edição: Rodrigo Durão Coelho, BdF