A Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito! está próxima das 600 mil assinaturas em cinco dias. O documento lançado na terça (26)pela Faculdade Direito da Universidade de São Paulo (USP) em resposta a ameaças à democracia pelo presidente da República. Desse modo, o documento terá um ato público de leitura na faculdade, nas Arcadas do Largo São Francisco, no próximo 11 de agosto. A data celebra a criação dos primeiros cursos jurídicos no Brasil e o local é da primeira edição da Carta aos Brasileiros em 1977.
A carta está publicada no site da universidade, que convoca: “Faça parte desta história. Assine a Carta”.
“Esse documento é importante do ponto de vista não só do número de signatários, mas é, de outra forma, a reprodução daquelas atitudes, dos manifestos que foram escritos naquele período, que ajudaram muito. É importante na formação da convicção das pessoas”, diz o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, na Folha de S.Paulo. Belluzzo ironiza a reação de Jair Bolsonaro, que chamou a carta de “cartinha”. E afirma que a batalha pela democracia é “uma jornada longa, que a gente imagina que vai se realizar rapidamente e não se realiza”.
O economista destaca o movimento crescente de adesões e observa, entre elas a importância da presença de empresários e banqueiros. Em entrevista à RBA, ele ressalta o fato de que, entre as pessoas assinam, muitas apoiaram Bolsonaro em 2018.“ E lembra que “o desastre foi de tal ordem que restou um pouco de bom senso, sensatez e espírito democrático nessas pessoas“, acrescenta.
Difícil reabilitação
Para Belluzzo, “a carta é um manifesto que torna muito difícil a reabilitação de Bolsonaro, já que reúne diferentes grupos da sociedade, empresários, artistas e personalidades”.
Desse modo o documento representa um ato consistente de revisão por parte importante do capitalismo brasileiro, depois de ter atuado, com cumplicidade ou conivência, aos golpes contra democracia que levaram o bolsonarismo ao poder. “Tem empresário, pessoal do mercado financeiro, Febraban, Fiesp, artistas, intelectuais. É um empenho da sociedade civil brasileira, que não vai admitir que se tente uma investida contra as regras da democracia e contra o resultado das eleições.”