Reportagem do jornal O Popular, assinado pela jornalista Fabiana Pulcineli mostra que o benefício às famílias mais vulneráveis foi distribuído horas antes do lançamento da campanha do governador na cidade
A reportagem que foi publicada na edição desta quinta-feira (18) observa que:
“Caiado escolheu o município em que seu principal adversário, Gustavo Mendanha (Patriota), foi prefeito por cinco anos para estreia das atividades (de sua campanha à reeleição)”.
De acordo com a matéria, “a entrega anterior de cestas na cidade havia ocorrido em maio como parte da Campanha de Combate à Propagação do Coronavírus, criado em março pela primeira-dama Gracinha Caiado”. O Popular teve acesso a imagens e vídeos da distribuição das cestas, que estavam sendo retiradas por policiais militares, sendo que parte foi colocada numa viatura do 8º Batalhão da pM para distribuir em outras ruas e parte era entregue a pessoas que se aproximavam dos policiais.
Os videos, observa a reportagem, “não mostram qualquer verificação ou registro de quem está recebendo o benefício”, o que é estranho numa campanha de doação de alimentos, que visa atender principalmente pessoas inscritas no Cadastro Único, que identifica pessoas que estão em situação de risco alimentar, desempregados e famílias em situação de miséria absoluta.
A jornalista ressalta que a distribuição ocorreu a 4,3 quilômetros do local onde foi realizado o evento de campanha de Caiado, próximo ao Residencial Vilage Garavelo. O jornal recebeu do Gabinete de Políticas Sociais (GPS) a informação de que “na região metropolitana a distribuição é feita de porta em porta, por colaboradores do GPS, Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), Emater e forças policiais”.
O fato é que um caminhão da Emater estava estacionando na Rua da Saudade, a Vila Sousa, carregado de cestas, que estavam sendo distribuídas, aparentemente, sem nenhum critério, no mesmo dia em que o governador Ronaldo Caiado fazia ato político em Aparecida. No mínimo é de se questionar ao Ministério Público Eleitoral se esta é uma atividade que pode ser permitida numa campanha, ou não.
A Lei Eleitoral estabelece a vedação de várias atividades aos governos estaduais – como a distribuição de benefícios sociais em tempos de eleição -, para que aja paridade de armas entre os candidatos, ou seja, para que o governo não use a força da máquina para obter vantagem desproporcional aos demais candidatos que lhe fazem oposição. E este é o caso em questão.