O candidato da coligação Brasil de Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), visitou uma fábrica de motos na Zona Franca de Manaus na quarta-feira (31). P
or motivos de segurança, o encontro foi fechado, e Lula falou com a imprensa ao fim da visita. Junto a aliados políticos locais, o ex-presidente classificou a Zona Franca “patrimônio do desenvolvimento” do país e criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) por ameaçar a política industrial de incentivos ao parque industrial da região.
“Não é possível que alguém queira trabalhar para destruir a Zona Franca de Manaus”, disse Lula. “São pessoas que não conhecem a sua importância para o desenvolvimento do estado (do Amazonas) e para a geração de empregos.”
Em abril, o governo Bolsonaro editou decreto com redução linear de 35% nas alíquotas do Imposto sobre Produtos Industriais (IPI), reduzindo a competitividade dos produtos fabricados pelas empresas instaladas na Zona Franca. A região tem como principal diferencial a isenção de IPI sobre a produção local. O Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, suspendeu os efeitos do decreto.
Lula destacou que seu compromisso com o parque industrial da capital amazonense vem desde sua primeira candidatura, em 1989. Destacou que, quando presidente, renovou os incentivos fiscais da região por 10 anos. Na sequência, a ex-presidenta Dilma Rousseff ampliou os benefícios por mais 50 anos.
“Precisa continuar gerando emprego, renda e oportunidade para as pessoas”, disse o candidato. “A Zona Franca vai ficar preservada. É um compromisso que a gente tem”, frisou.
Combate à informalidade
Do mesmo modo, o presidenciável também criticou o avanço da informalidade no Brasil, que atualmente tem milhões de pessoas vivendo de “bico”. “Isso não é emprego. No emprego, as pessoas têm que ter registro em carteira, tem que ter direito a férias, descanso semanal remunerado. As pessoas têm que ter um sistema de seguridade social”, afirmou. “O povo que está fazendo bico está ganhando muito aquém do que precisa ganhar. Então, é recuperar o desenvolvimento do país”, completou o ex-presidente. “Gerar empregos vai ser uma tarefa prioritária nossa.”
Lula voltou a afirmar que pretende investir em obras públicas para estimular a criação de empregos formais. Nesse sentido, citou a retomada do Minha Casa Minha Vida, do Luz para Todos, da construção de cisternas no semiárido e das obras inacabadas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Só não tem fome ‘na casa do Bolsonaro’
Lula justificou a necessidade de retomar o crescimento do país “com rapidez”, porque a situação do povo está muito pior”, segundo ele. O candidato destacou o agravamento da pobreza no país, e voltou a responsabilizar o atual presidente.
“Lamentavelmente, o povo está passando fome. Num país que é o terceiro maior produtor de alimentos (do mundo), tem 33 milhões de pessoas passando fome. E o presidente, com a maior cara-de-pau, diz que não tem tanta gente passando fome”, disse Lula, em referência a declarações recentes de Bolsonaro, negando o problema causado por seu governo tema.
“Não tem (fome) na casa dele, porque ele decretou até sigilo sobre o cartão corporativo, para o povo não saber o quanto ele gasta. Mas o povo está passando necessidade”, rebateu Lula.
Estiveram com o ex-presidente na visita à fábrica de motos, no chamado Distrito Industrial de Manaus, o senador Eduardo Braga (MDB-AM), candidato a governador, e o candidato à reeleição no Senado Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu a CPI da Covid. Também participaram da agenda a ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que disputa uma vaga na Câmara dos Deputados, e o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT-AC), candidato a senador.
Agenda
Durante a tarde, Lula participa de encontro com lideranças locais para discutir os desafios do desenvolvimento sustentável no país, especialmente na região amazônica. No início da noite, o candidato e aliados da coligação Brasil da Esperança participam do ato Todos Juntos pelo Amazonas. O comício ocorrerá no Espaço Via Torres, a partir das 18h, também em Manaus (hora local – 19h pelo horário de Brasília).