PF investiga Braga Neto por fraude na intervenção federal no RJ em 2018

A Polícia Federal (PF) cumpriu 16 mandados de busca e apreensão, na manhã desta terça-feira (12), no âmbito da Operação Perfídia, que investiga um suposto esquema de fraude na compra de equipamentos de segurança, durante a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018. Os mandados foram cumpridos nos estados do Rio de Janeiro, Minas […]

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Rio de Janeiro - O interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro, general Walter Braga Netto, concede entrevista coletiva à imprensa e apresenta o chefe do Gabinete de Intervenção Federal, o general Mauro Sinott (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) cumpriu 16 mandados de busca e apreensão, na manhã desta terça-feira (12), no âmbito da Operação Perfídia, que investiga um suposto esquema de fraude na compra de equipamentos de segurança, durante a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018. Os mandados foram cumpridos nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal.

Os alvos são investigados pelos crimes de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa, que teriam sido praticados durante a contratação de 9.360 coletes balísticos da empresa estadunidense CTU Security LLC.

Um dos investigados é o general Walter Braga Netto, então interventor federal no Rio de Janeiro, como Brasil de Fato já havia adiantado ainda em julho de 2021. Apesar de não ser um dos alvos da operação da PF desta terça-feira, o general teve seu sigilo telefônico quebrado por suspeita de irregularidades em um contrato de R$ 40 milhões assinado por ele.

A dispensa de licitação para as compras do Gabinete de Intervenção foi justamente um pedido de Braga Netto, feito em maio de 2018, ao Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão deu autorização, em junho daquele ano, para compras sem licitação.

A investigação sobre possíveis irregularidades começou nos EUA, com a Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI, na sigla em inglês), que apontou para o sobrepreço em coletes balísticos em contratos estabelecidos com Gabinete de Intervenção Federal.

A HSI chegou aos indícios durante a investigação dos Estados Unidos sobre o assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse, em julho de 2021, cuja logísitca teria sido fornececida pela empresa CTU Security LLC.

Nesse contexto, a HSI iniciou uma investigação das conexões e contratos da CTU e identificou o fornecimento de coletes para o Gabinete de Intervenção Federal. Em 9 de fevereiro de 2022, a equipe da HSI na Embaixada dos Estados Unidos enviou um e-mail para a Coordenação-Geral de Repressão à Corrupção, ao Crime Financeiro e à Lavagem de Dinheiro da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção da Polícia Federal, localizada em Brasília.

De acordo com a PF, o contrato foi celebrado após a dispensa de licitação publicada no Diário Oficial da União, em 31 de dezembro de 2018, no valor de US$ 9.451.605,60 (valor global de R$ 40.169.320,80 do câmbio à época).

No primeiro mês do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019, o Executivo chegou a pagar R$ 35.944.456,10 à empresa. Em setembro do mesmo ano, no entanto, o pagamento foi cancelado e o contrato suspenso. Dos cerca de R$ 40 milhões, aproximadamente R$ 4,6 milhões teriam sido previstos como sobrepreço.

Edição: Rodrigo Durão Coelho – BdF