Bia de Lima representa na Procuradoria da Mulher da Alego contra deputado do chapéu
Na sessão de quarta-feira, 13/09, Bia de Lima, pediu regras de civilidade na casa, dizendo que não é adequado um deputado se referir a outro com expressões como canalha, hipócritica e vagabundo, com as quais foi qualificada pelo deputado Amaury Garcia, após o seu discurso na reunião da frente de prefeitos, realizada na Alego na manhã daquele dia.
Em réplica, Amauri Ribeiro (União) rebateu a interpelação da deputada, e usando um tom agressivo disse que o debate é feito com base em direitos iguais.
“Vocês não querem direitos iguais?, Aceitem a discussão de igual para igual, assim como discuto com a senhora discuto com outros deputados do seu partido. Nunca ameacei bater na senhora, de agredir a senhora. Fale menos, converse menos. Aja mais. Nós temos aqui na casa uma comissão de ética. Coloque. Faça isto. Isto aqui é um parlamento. E um lugar de discussões. Se a senhora não se sente com competência para tal, peça para sair”, procovou.
Na sessão de ontem, quinta-feira, 14/09, a deputada Rosângela Rezende anunciou que recebeu a representação de Bia, e condenou o discurso misogeno de Amauri Ribeiro:
“Não é mimimi Amauri. Estou aqui para dizer não a prática de violência política de gênero. Quando qualquer deputado ofende uma mulher no parlamento, isto atinge a mim e a todas as mulheres que são destimuladas ao debate no processo político”, frisou.
De acordo com Rosângela Rezende, este comportamento pode ser punido pela lei nº 14.192, de 04 de agosto de 2021, que assim descreve no artigo terceiro:
Considera-se violência política contra a mulher, toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstacular ou restringir os direitos políticos da mulher.
Rosângela continuou: “Ontem eu ouvi a máxima: Este é um parlamento, se a senhora não se sente competência para tal, peça para sair. Percebem como a violência de gênero acontece e intimida? Isto faz com que nós mulheres pensemos mil vezes antes de entrar na política”,pontuou.
Finalizando, Rosângela lembrou que em 2024 o país terá a primeira eleição em que a violência política de gênero será considerada crime . “Vejo isto como um avanço que pode fazer com que as mulheres se sintam mais estimuladas a participar da política”, concluiu.
Logo após o pronunciamento de Rosângela Rezende (Agir), o deputado Amauri Ribeiro fez uso da tribuna para rebater a representação. Disse que nunca foi agressivo com mulheres, disse que não era racista, homofóbico e disse não ter preconceito com nada, mas na sequência criticou o fato da deputada Rosângela Rezende ter feito um discurso lido, e não de improviso, o que é direito dela como parlamentar.
“Vou contimuar com a mesma postura aqui, enquanto for deputado nesta casa. Tenho 50 anos e não vou mudar porque que meia duzia de canalhas querem que eu mude”, frisou.
O deputado Fred Rodrigues (DC) saiu em defesa de Amauri Ribeiro e disse que estava “estarrecido” com as falas da deputada Rosãngela Rezende. Disse que os deputados tem a obrigação de ter o “coro grosso” para discussão, para aceitar críticas e até xingamentos.
Segundo Fred Rodrigues, a Procuradoria da Mulher estaria sendo usada para calar o deputado Amauri, que na sua opnião, as falas do deputado não foram no sentido de atacar a pessoa pelo fato dela ser mulher. “A Procuradoria da Mulher não deveria ser utilizada para isto”, salientou.
Com um clima tenso, alguns deputados usaram da tribuna para apaziguar os ânimos, entre eles Mauro Rubem (PT), Cairo Salim (PSD) e Gustavo Sebba (PSDB), que se dirigiram ao presidente, Bruno Peixoto, pedindo que a Alego privilegie o bom debate entre os pares, ressaltando que a Casa de Leis encontra-se num momento de crescimento junto à sociedade, recebendo prefeitos, secretários, governadores, ministros, presidente da República e que é preciso manter elevado o nível do Parlamento.