Milei fecha bancos, limita operações de câmbio e argentinos esperam novo pacote econômico

A Argentina as primeiras medidas econômicas do governo de Javier Milei, mas o presidente recém-empossado deixou o mercado na expectativa, adiando o anúncio para amanhã. No entanto, o Banco Central limitou as operações de câmbio no país com um “feriado bancário virtual”. Com a medida, o BC precisa aprovar as operações com dólares “conforme a necessidade”. […]

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A Argentina as primeiras medidas econômicas do governo de Javier Milei, mas o presidente recém-empossado deixou o mercado na expectativa, adiando o anúncio para amanhã. No entanto, o Banco Central limitou as operações de câmbio no país com um “feriado bancário virtual”. Com a medida, o BC precisa aprovar as operações com dólares “conforme a necessidade”.

Segundo o BC, a medida foi adotada para que a nova gestão possa “cumprir os procedimentos administrativos das novas autoridades e anunciar e implementar as políticas que irão executar“. Como o mercado de câmbio está virtualmente congelado, há uma confusão sobre como serão pagos os vencimentos dos cartões de crédito em dólares, por exemplo. Hoje, o dólar paralelo, chamado de “dólar blue”, está a 957 pesos.

Num clima de incerteza devido a uma transição que ainda não foi concluída e à expectativa do anúncio de medidas econômicas nesta terça-feira, o novo ministro da Economia, Luis Caputo, completou nas últimas horas o organograma da sua pasta. Caputo foi ministro de Finanças e presidente do Banco Central argentino no governo Mauricio Macri, o neoliberal que antecedeu Alberto Farnández.

Pouquíssimos chefes de Estado estiveram na posse de Milei, que, em seu o primeiro discurso, ainda no domingo, já começou culpando o governo anterior pelas dificuldades. “Arruinaram nossa vida. Nossa máxima prioridade é evitar uma catástrofe”, disse. É certo que o Estado e o setor público, incluindo as universidades, serão alvo de brutais cortes financeiros e ataques, como no Brasil de Bolsonaro.

O jornal de direita Clarín, que faz forte oposição aos governos peronistas – seja de Cristina Kirchner, seja de Alberto Fernández –, aponta nesta segunda “um clima de incerteza” no país, no momento imerso em “uma transição que ainda não foi concluída e ante a expectativa do anúncio de medidas econômicas”.

Enquanto isso, Caputo trabalhava nesta segunda-feira com seus principais auxiliares. Milei recebe o ministro da Economia na tarde de hoje, na Casa Rosada.

Macri se diz a favor de moeda única com Brasil

Ironicamente, em uma palestra em evento da XP em São Paulo, nesta segunda-feira, Macri se declarou a favor de uma unificação monetária com o Brasil e pareceu demonstrar uma visão mais pragmática da economia do que o presidente que ajudou a eleger.

“Temos que avançar para uma unificação monetária com o Brasil. A moeda única fortaleceria mais a Argentina inicialmente, mas os dois em longo prazo”, disse Macri. Porém, ele não esquece a cartilha neoliberal. Afirmou que, antes, Milei precisa ter “seriedade fiscal”, segundo a Folha de S. Paulo. Ele defende o “congelamento de todos os gastos públicos possíveis para gerar equilíbrio”.

Em coletiva de imprensa em Buenos Aires pela manhã, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, disse que “os anúncios sobre assuntos econômicos serão feitos pelo ministro Luis Caputo amanhã”, mas ele não precisou em qual horário.

A posse de Milei não foi prestigiada por nenhum líder importante do G20, do G7 ou do Brics. Vieram para a cerimônia apenas oito chefes de Estado: os presidentes do Chile (Gabriel Boric), da Armênia (Vahagn Khachaturyan), do Paraguai (Santiago Peña), da Ucrânia (Volodymyr Zelensky), do Uruguai (Luis Alberto Lacalle Pou), do Equador (Daniel Noboa), além do premiê da Hungria (Viktor Orban) e do rei da Espanha, Filipe VI.

Bolsonaro barrado

O vexame na cerimônia foi protagonizado por Jair Bolsonaro. Segundo o Painel, da Folha, o ex-presidente brasileiro “tentou se infiltrar” na foto oficial de Javier Milei com chefes de Estado na posse, no Congresso argentino, mas foi barrado por líderes sul-americanos. Para eles, “seria imprópria” a presença de um ex-chefe de Estado, que na verdade é adversário do presidente de fato do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula foi representado pelo chanceler Mauro Vieira.