Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), o tenente-coronel Mauro Cid detalhou uma negociação envolvendo o general Walter Braga Netto e o PL, partido liderado por Valdemar da Costa Neto, no financiamento de uma viagem dos chamados “kids pretos”, membros das Forças Especiais do Exército, para Brasília durante a articulação golpista.
Estes militares foram flagrados ajudando o grupo de bolsonaristas a invadir os prédios do STF, Congresso Nacional e Palácio do Planalto.
Segundo informações da PF, Braga Netto utilizaria sua sala no PL como uma espécie de quartel-general do golpe. Além disso, se a corporação confirmar que foi o PL quem financiou a viagem dos “kids pretos”, o partido de Costa Neto poderá ter seu registro cassado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em fevereiro, após a operação da PF, o senador Humberto Costa (PT-PE) acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar o PL e requerer a cassação de seu registro devido ao envolvimento em atividades criminosas.
“Ao final, se comprovados os ilícitos e atos criminosos eventualmente praticados pelo Partido Liberal, consubstanciando-se em financiamento de atividades ilegais e criminosas com o objetivo de promover a invalidação da eleição do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a prática criminosa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, seja proposta, perante o Tribunal Superior Eleitoral, a competente Ação de Cassação de Registro Eleitoral do Partido Liberal, nos exatos termos da Lei n° 9096/95.”, solicita o senador na representação à PGR.

Brasília (DF) 11/07/2023 Depoimento para CPMI do golpe do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante-de-ordens do então presidente Jair Bolsonaro.Foto Lula Marques/ Agência Brasil.
Depoimento
Na oitiva convocada após os depoimentos do general Freire Gomes e do brigadeiro Carlos Almeida Baptista Jr., Cid forneceu informações sobre a solicitação de ajuda financeira de R$ 100 mil feita pelo major Rafael Martins de Oliveira para custear a vinda de apoiadores de Bolsonaro a Brasília, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.
O major, preso durante a megaoperação da PF contra a organização criminosa golpista em 8 de fevereiro, era parte do “núcleo de apoio às ações golpistas” e responsável pela interlocução entre Bolsonaro e as Forças Especiais do Exército.
Mensagens recuperadas pela PF no celular de Mauro Cid revelam que o major solicitou recursos para transportar pessoas a Brasília para participarem de manifestações.
Cid se comprometeu a fornecer o dinheiro e perguntou se R$ 100 mil seriam suficientes. A resposta foi enviada em uma mensagem intitulada “Copa 2022”, com uma estimativa das “necessidades essenciais”.
Durante o depoimento, Cid afirmou ter recorrido a Braga Netto para obter os R$ 100 mil. Como vice na chapa de Bolsonaro e atual secretário nacional de Relações Institucionais do PL, o general da reserva instruiu Cid a buscar o partido para solicitar os fundos.
Com infrmações do G1 e DCM