Com a variação de 0,5% na produção industrial nacional na passagem de outubro para novembro, nove dos 15 locais investigados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional neste indicador registraram taxas positivas. O maior avanço individual veio do Paraná (5,4%), enquanto São Paulo (1,9%) registrou a maior influência no resultado mensal e ficou acima de seu patamar pré-pandemia. A pesquisa foi divulgada nesta sexta-feira (12/01) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“No mês de novembro, é possível fazer uma relação com o avanço de 0,5% em relação à queda da taxa de juros, um efeito de uma política monetária mais expansionista. A queda da taxa de juros causa impacto direto na renda disponível das famílias, de maneira que o crédito está menos encarecido. Não podemos esquecer que os juros ainda estão em patamares elevados, mas conseguimos ver uma melhora na renda disponível das famílias, o que aumenta o consumo e impacta diretamente na cadeia produtiva industrial”, destaca o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.
O pesquisador destaca ainda que outro ponto importante é a melhora na massa salarial da população, o que também impacta da renda das famílias e influencia no consumo das famílias. “Quando falo de uma melhora da massa salarial, estou falando de uma melhora na taxa de desemprego, impactando diretamente a cadeia industrial produtiva. Além disso, o crédito menos encarecido ajuda a diminuir as incertezas frente ao cenário macroeconômico, impactando nas decisões por parte dos produtores. Isso influencia na tomada de decisões, que se tornam mais otimistas, mais uma vez melhorando o ritmo da produção”.
Principal polo industrial do País, São Paulo apresentou avanço de 1,9% em novembro e acumulou ganho de 2,3% nos últimos dois meses. Os resultados da indústria paulista foram puxados pelo setor farmacêutico, corroborando o resultado nacional, que também teve esse setor como um dos destaques positivos.
“Com esse resultado, a indústria paulista está 22,0% abaixo do patamar mais elevado, de março de 2011, mas também observamos uma melhora de ritmo na produção, quando comparamos com o patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020. Com o resultado de novembro, a indústria paulista se encontra 0,4% acima do patamar pré-pandemia. Em outubro, São Paulo estava 1,7% abaixo do patamar pré-pandemia, evidenciando uma melhora de ritmo na produção em novembro. É importante salientar que não estamos falando de uma retomada de crescimento sustentado, mas sim uma melhora no cenário da produção industrial. Se isso vai criar uma trajetória de crescimento sustentado, ainda precisamos esperar os próximos dados”, avalia o pesquisador.
Já a indústria do Paraná apresentou a maior alta individual, com taxa de 5,4%, e foi a segunda maior influência no resultado nacional. Novembro foi o quarto mês consecutivo de resultados positivos no estado, que acumula ganho de 14,5%.
“Houve uma significativa melhora no ritmo de produção da indústria paranaense e podemos afirmar isso olhando os números relacionados aos números pré-pandemia. A indústria paranaense se encontra 9,6% acima do patamar pré-pandemia. É um patamar significativo, positivamente falando. Assim como em São Paulo, é necessário aguardar para ver se essa melhora vai ser tornar um crescimento sustentado, se vai perdurar, mas é uma melhora de ritmo de produção. O setor que tem mais influenciado essa indústria nos últimos meses é o de derivados do petróleo, que é um setor bastante influente dentro dessa indústria”, destaca Almeida.
A segunda maior taxa positiva, e quinta influência no mês, veio da indústria do Espírito Santo. O estado eliminou parte da perda de 7,1% acumulada no período setembro-outubro. A setor que exerceu influência no resultado da indústria capixaba foi o extrativo.
Por outro lado, Pernambuco (-9,7%) e Amazonas (-4,2%) mostraram os recuos mais intensos na produção, com o primeiro local eliminando o avanço de 9,8% registrado em outubro e o segundo marcando o terceiro mês seguido de queda na produção, período em que acumulou redução de 15,1%.
Indústria avança em 12 dos 18 locais pesquisado na comparação com novembro do ano passado
Na comparação com novembro de 2022, o setor industrial cresceu 1,3% em novembro de 2023, com resultados positivos em doze dos 18 locais pesquisados. Vale citar que novembro de 2023 (20 dias) teve o mesmo número de dias úteis do que igual mês do ano anterior (20).
Nesse mês, Paraná (21,2%), Espírito Santo (18,5%), Goiás (16,6%), Pará (12,8%), Rio de Janeiro (10,5%) e Mato Grosso (10,0%) assinalaram avanços de dois dígitos e os mais acentuados, impulsionados pelo comportamento positivo dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleo diesel, gás liquefeito de petróleo, gasolina automotiva, asfalto de petróleo, óleos combustíveis e querosenes de aviação), no primeiro local; e de indústrias extrativas (minérios de ferro pelotizados ou sinterizados e óleos brutos de petróleo) e celulose, papel e produtos de papel (celulose), no segundo.
Bahia (8,4%), Maranhão (5,0%), Santa Catarina (2,2%) e Mato Grosso do Sul (2,2%) também apontaram avanços mais intensos do que a média nacional (1,3%), enquanto Ceará (0,9%) e Minas Gerais (0,2%) completaram o conjunto de locais com crescimento na produção no índice mensal de novembro de 2023.
Por outro lado, Amazonas (-10,3%) assinalou recuo de dois dígitos e o mais elevado nesse mês, pressionado, em grande parte, pela atividade de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (televisores, telefones celulares, aparelhos para recepção, conversão e transmissão de imagens ou dados, placas de circuito impresso montadas, receptor-decodificador de sinais de vídeo codificados e rádios para veículos automotores). Rio Grande do Sul (-4,4%), Rio Grande do Norte (-2,8%), Pernambuco (-1,8%), São Paulo (-0,3%) e Região Nordeste (-0,1%) mostraram os demais resultados negativos nesse mês.
Indicadores Conjunturais da Indústria – Resultados Regionais – Novembro de 2023 | ||||
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Locais | Variação (%) | |||
Novembro 2023/ Outubro 2023* | Novembro 2023/ Novembro 2022 | Acumulado Janeiro-Novembro | Acumulado nos Últimos 12 Meses | |
Amazonas | -4,2 | -10,3 | 2,4 | 1,5 |
Pará | 1,7 | 12,8 | 4,5 | 3,1 |
Região Nordeste | -1,2 | -0,1 | -4,0 | -4,8 |
Maranhão | – | 5,0 | -3,4 | – |
Ceará | 2,0 | 0,9 | -5,8 | -6,0 |
Rio Grande do Norte | – | -2,8 | 12,2 | – |
Pernambuco | -9,7 | -1,8 | 0,9 | -1,2 |
Bahia | 2,7 | 8,4 | -2,4 | -3,0 |
Minas Gerais | 2,5 | 0,2 | 3,2 | 2,7 |
Espírito Santo | 4,3 | 18,5 | 9,4 | 6,8 |
Rio de Janeiro | 3,7 | 10,5 | 4,4 | 4,4 |
São Paulo | 1,9 | -0,3 | -1,4 | -1,0 |
Paraná | 5,4 | 21,2 | 4,2 | 3,5 |
Santa Catarina | -0,7 | 2,2 | -1,7 | -1,6 |
Rio Grande do Sul | -2,9 | -4,4 | -4,4 | -4,1 |
Mato Grosso do Sul | – | 2,2 | -0,2 | – |
Mato Grosso | -1,5 | 10,0 | 5,4 | 4,9 |
Goiás | 3,3 | 16,6 | 4,9 | 4,6 |
Brasil | 0,5 | 1,3 | 0,1 | 0,0 |
* Série com Ajuste Sazonal |
Mais sobre a pesquisa
A PIM Regional produz, desde a década de 1970, indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação. Traz, mensalmente, índices para 17 unidades da federação cuja participação é de, no mínimo, 0,5% no total do valor da transformação industrial nacional e, também para o Nordeste como um todo: Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Região Nordeste. Os resultados da pesquisa também podem ser consultados no Sidra, o banco de dados do IBGE. A próxima divulgação da PIM Regional será em 8 de fevereiro.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)