Compradores chineses seguem apostando na soja brasileira em meio a incertezas comerciais com os EUA.
Processadores chineses continuam priorizando a compra de soja brasileira, deixando de lado oleaginosas norte-americanas, diante da perspectiva de que o governo de Donald Trump imponha novas tarifas sobre produtos da China. Desde que Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos, as tensões comerciais voltaram ao centro do debate, levando importadores chineses a reforçar estoques e diversificar fornecedores.
A preferência pela soja brasileira no primeiro trimestre já era uma tendência nos últimos anos, mas a incerteza sobre novas medidas protecionistas nos EUA acelerou esse movimento. Processadores chineses asseguraram praticamente todas as suas cargas do Brasil para embarque no início de 2025, segundo três fontes do setor.
No ano passado, o Brasil já era o principal fornecedor de soja para a China no primeiro trimestre, representando 54% das importações chinesas, enquanto os EUA responderam por 38%. Agora, traders apontam para uma mudança ainda mais significativa.
Essa tendência deve resultar em um excedente significativo de soja nos EUA. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estima que o país encerrará o ano comercial 2024/25, em agosto, com um estoque de 10,34 milhões de toneladas métricas — o maior volume dos últimos cinco anos.
Soja brasileira é mais competitiva
Além das tensões comerciais, o preço competitivo da soja brasileira tem sido um fator decisivo para os compradores chineses.
“Os importadores intensificaram as compras no último trimestre de 2024, antecipando possíveis barreiras comerciais com os EUA após a reeleição de Trump”, explicou Lin Guofa, analista sênior da consultoria Bric Agriculture Group.
As condições climáticas favoráveis no Brasil e a desvalorização do real ajudaram a reduzir os custos de produção, tornando a soja brasileira ainda mais atrativa. A diferença de preço entre os grãos do Brasil e dos EUA se ampliou, impulsionada pelas expectativas de uma safra recorde no país sul-americano.
Atualmente, a soja brasileira está sendo vendida a US$ 420 por tonelada, incluindo custos de frete para a China em fevereiro, enquanto os embarques pelo Pacífico Noroeste dos EUA estão na faixa de US$ 451 por tonelada.