Rússia e Ucrânia negociam cessar-fogo e corredor humanitário para refugiados civis

Após oito dias de guerra, a segunda rodada de negociações entre as delegações da Rússia e da Ucrânia terminou nesta quinta (3) sem a decisão de cessar-fogo, mas com acordos humanitários. Ambas partes também anunciaram que uma terceira rodada de diálogos em Belovezha, fronteira entre Belrus e Polônia, deve acontecer o "quanto antes".

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Após oito dias de guerra, a segunda rodada de negociações entre as delegações da Rússia e da Ucrânia terminou nesta quinta (3) sem a decisão de cessar-fogo, mas com acordos humanitários. Ambas partes também anunciaram que uma terceira rodada de diálogos em Belovezha, fronteira entre Belrus e Polônia, deve acontecer o “quanto antes”.

Kiev e Moscou vão garantir a abertura de corredores humanitários para a saída de civis, entrega de alimentos e medicamentos.Também será garantido um cessar-fogo apenas nas áreas que estão evacuadas.

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A ONU calcula que 12 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária. Para isso, solicitam um fundo de US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 9,3 bilhões) para a população na Ucrânia e refugiados em países vizinhos.

O assessor presidencial ucraniano, Mijaíl Podolyak, reiterou que seu país está disposto a dialogar. O ministro de Relações Exteriores, Dmitri Kuleba, afirmou antes da última rodada de negociações “buscaremos uma solução, mas não cumpriremos com um ultimato russo”.

Um armistício imediato e o reconhecimento da soberania ucraniana sobre as regiões de Crimeia, anexada à Rússia em 2014, e Donbas, também estariam no centro dos debates.

Já o representante russo, Vladímir Medinsky, declarou que outros aspectos militares, assim como a futura resolução política do conflito também constam das negociações.

“A principal questão que foi resolvida hoje é o resgate de pessoas, civis que se encontravam na zona de confrontos militares”, disse Medinsky

O governo russo foi representado por Vladimir Medinsky, o vice-ministro das Relações Exteriores Andrei Rudenko, o vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin e embaixador russo na Bielorrússia, Boris Gryzlov.

Já a Ucrânia enviou o assessor presidencial Mijaíl Podolyak, o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov, o chefe do partido governante, Servo do Povo, David Arakhamia, e o vice-chanceler, Nikolai Tochitsky.

O conflito armado entre Rússia e Ucrânia iniciou no dia 24 de fevereiro, já na última segunda-feira (28) foi realizada a primeira rodada de negociação em Gomel, Belarus.

Em oito dias, a Rússia bombardeou mais de mil objetivos militares no território ucraniano, incluindo a capital Kiev. Na última quarta-feira (2), a cidade de Kherson, no sul do país, foi tomada pelo exército russo, que decretou toque de recolher para a população local.

A guerra soma 136 civis mortos e cerca de 1 milhão de refugiados, de acordo com a Agência de Refugiados da ONU (Acnur).

O principal destino dos ucranianos é a Polônia, que recebeu cerca de 600 mil pessoas, seguida da Romênia que acolheu 120 mil refugiados, dos quais 70 mil já teriam seguido viagem para a Europa Ocidental.

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, na quarta-feira (2), uma resolução contra a ofensiva militar russa na Ucrânia. Foram 141 votos a favor, 5 contra e 35 abstenções.

Entenda o conflito

Desde o final de 2021, tropas russas passaram a se concentrar nas proximidades da Ucrânia e o Ocidente enviou armas para os ucranianos.

O conflito tem como pano de fundo os limites da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar composta por membros alinhados aos EUA, em direção à fronteira russa e o mercado de energia na Europa.

Outro elemento central é o fracasso dos Acordos de Minsk, assinados em 2014 e 2015 como uma tentativa de construir um cessar-fogo para a guerra civil na Ucrânia. A ferramenta diplomática previa condições de autonomia para áreas separatistas de Donetsk e Lugansk e a retirada de armas da região em que tropas ucranianas enfrentavam os rebeldes.

O governo de Kiev se recusava a cumprir a parte política prevista pelos acordos, já que isso poderia causar uma fratura em sua soberania.

A Rússia invadiu a Ucrânia no dia 24 de fevereiro sob a justificativa de “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho. Desde então, União Europeia e Estados Unidos anunciaram sanções como resposta e também fornecem armas aos ucranianos.

Edição: Rodrigo Durão Coelho, Brasil de Fato