Indundações, após passagem de ciclone, deixam 10 mil desaparecidos na Líbia; mil corpos já foram resgatados

As tempestades que causaram inundações na Líbia, no norte da África, já deixaram 2.300 mortos, segundo autoridades locais. O número, porém, deve aumentar já que 10 mil pessoas estão desaparecidas, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e da organização Crescente Vermelho (CICV). Nesta segunda-feira (11), mais de 300 vítimas foram enterradas, muitas em valas comuns. Segundo o porta-voz […]

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As tempestades que causaram inundações na Líbia, no norte da África, já deixaram 2.300 mortos, segundo autoridades locais. O número, porém, deve aumentar já que 10 mil pessoas estão desaparecidas, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e da organização Crescente Vermelho (CICV). Nesta segunda-feira (11), mais de 300 vítimas foram enterradas, muitas em valas comuns.

Segundo o porta-voz do CICV, Tamer Ramadan, não há números exatos das vítimas da tragédia. “As necessidades humanitárias superam em muito as capacidades do Crescente Vermelho Líbio, e inclusive as do governo”, disse.

Segundo o ministro da Saúde Othman Abduljalil, a situação em Derna é catastrófica. Há corpos ainda espalhados em muitos lugares. “Famílias ainda presas dentro de casa e vítimas sob os escombros. Presumo que as pessoas tenham sido arrastadas para o mar”, disse.

Em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, foi declarado toque de recolher e as escolas foram fechadas por vários dias. Segundo o governo interino da capital Trípoli, foram enviados suprimentos, incluindo sacos para cadáveres e equipamentos médicos.

Na cidade portuária de Derna, com 100 mil habitantes, cerca de 6 mil ainda estão desaparecidas. A cidade é cercada por colinas e cortada ao meio pelo que normalmente é um leito de rio seco no verão, mas que se transformou num rio que destruiu várias pontes importantes.

Autoridades da Líbia não previram a escala do desastre

O chefe da autoridade de Emergência e Ambulâncias da Líbia, Osama Aly, admitiu que as autoridades não previram a escala do desastre. “As condições meteorológicas não foram bem estudadas, nem os níveis da água do mar e das chuvas e nem as velocidades do vento. Famílias que poderiam estar no caminho da tempestade e nos vales não foram retiradas a tempo”, disse. “A Líbia não estava preparada para uma catástrofe como esta. Nunca testemunhamos esse nível de catástrofe antes.”

O leste do país abriga os principais campos e terminais de petróleo da Líbia. A Companhia Nacional de Petróleo (NOC) declarou “estado de alerta máximo” e suspendeu os voos entre os centros de produção, onde as atividades foram drasticamente reduzidas.

A tragédia foi agravada pelo rompimento de duas barragens, cujas águas varreram a cidade de Derna, carregando “bairros inteiros” para o mar, segundo Ahmed al-Mismari, porta-voz do Exército Nacional Líbio. Edifícios ruíram e casas inteiras desapareceram após o rompimento.

As fortes chuvas resultaram de um mesmo fenômeno climático que na semana passada causou inundações catastróficas na Grécia, Turquia e Bulgária, deixando 27 mortos – a tempestade Daniel. Classificada pelos cientistas como evento “extremo em termos de volume de água”, deslocou-se para o Mediterrâneo antes de se transformar num ciclone tropical.

Líbia é vulnerável às alterações climáticas cada vez mais comuns

O território líbio é especialmente vulnerável às alterações climáticas e às tempestades cada vez mais intensas. O aquecimento faz com que as águas do Mediterrâneo se expandam e o nível do mar suba 2,8 milímetros por ano, contribuindo para inundações.

Com seis milhões de habitantes, a Líbia é um país dividido desde 2014. Tem um governo internacionalmente reconhecido, baseado em Trípoli, e uma região administrada separadamente no leste, que inclui Derna.

Vários países ofereceram ajuda à Líbia. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que enviaria 168 equipes de busca e resgate e ajuda humanitária para Benghazi. A porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Harris, chamou a situação de “calamidade de proporções épicas”. E disse que as Nações Unidas na Líbia acompanham de perto a emergência causada pelas condições meteorológicas severas na região oriental do país.

BdF