– Em participação no Fórum Brasil-África, o ex-chanceler e assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, falou sobre a atual crise em Gaza e comparou a situação à chamada crise dos mísseis, na década de 1960. Além disso, ele criticou a aparente falta de ação e efetividade institucional da Organização das Nações Unidas (ONU).
Amorim destacou sua longa experiência na diplomacia, com quase 60 anos de atuação, enfatizando que raramente testemunhou situação tão grave. O massacre israelense na Faixa de Gaza já deixa mais de 9 mil mortos, na maioria crianças e mulheres. “Como podem as Nações Unidas estarem inertes em uma situação tão grave como a que nós estamos vivendo hoje?”, questionou.
O ex-chanceler também elogiou os esforços do Brasil para passar uma resolução humanitária no Conselho de Segurança da ONU. Ele disse que buscava lidar com o conflito entre Israel e o Hamas. E descreveu esse esforço como “heroico” e não apenas em defesa das vítimas na região, mas também em defesa do papel das próprias Nações Unidas.
ONU para quê?
As críticas à ONU não foram exclusivas de Celso Amorim. Atual titular do Itamaraty, Mauro Vieira, que presidiu uma sessão do Conselho de Segurança, expressou sua frustração com a demora do colegiado em aprovar uma resolução sobre o conflito. Ele afirmou que alguns países parecem usar o Conselho de Segurança para promover seus objetivos pessoais em vez de proteger a população civil. O Brasil apresentou propostas aprovadas quase pela totalidade dos membros do Conselho, à exceção dos Estados Unidos; nação com poder de veto.
Agora, o Brasil está encerrando seu mandato na presidência do Conselho de Segurança amanhã, sem que um consenso tenha sido alcançado. A China assumirá a presidência em seguida, em um contexto em que a busca por soluções para a crise em Gaza continua a ser um desafio global.
A declaração de Amorim e as críticas ao papel da ONU destacam as preocupações crescentes em relação à gravidade da situação em Gaza e à necessidade de a comunidade internacional agir de maneira eficaz e coordenada para buscar soluções para o conflito em curso. “Acho que hoje nós vivemos uma situação muito mais grave, uma multiplicidade de atores com duas guerras que, de alguma maneira, se misturam e ver a ONU enfraquecida é algo que realmente preocupa extremamente”, finaliza o ex-chanceler.