Capacidade técnica e operacional da tropa brasileira e rápida reação para o combate fizeram a Organização das Nações Unidas (ONU) conceder o maior nível de reconhecimento militar aos fuzileiros navais brasileiros, que estão atuando, de forma inédita, nas ações da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos portos do Rio de Janeiro e de Santos.
Era 1807 quando tropas francesas lideradas por Napoleão Bonaparte decidiram invadir o território de Portugal e, para não perder o poder, a família real portuguesa precisou atravessar o oceano Atlântico, na transferência da corte para o Rio de Janeiro.
Esse episódio da história brasileira ocorreu há séculos, mas foi justamente a vinda da Coroa portuguesa que marcou o início de uma das mais respeitadas e reconhecidas tropas militares do Brasil: os fuzileiros navais.
Como funciona o Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil
Com origem na Brigada Real da Marinha de Portugal, o Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil atualmente conta com cerca de 18 mil militares e é a força da Marinha responsável pelos combates terrestres, também especializada em guerra anfíbia, isto é, uma operação militar ofensiva cujo lançamento ocorre a partir do mar para incursão terrestre em territórios potencialmente hostis.
Está presente, ainda, em quase todo o território nacional, tanto no litoral quanto em regiões ribeirinhas da Amazônia, do Pantanal, do Cerrado e da Caatinga.
No exterior, ainda é responsável pela segurança das embaixadas brasileiras no Paraguai, na Argélia, no Haiti e na Bolívia.
Quem comanda os fuzileiros navais?
Prova de tanta
capacidade técnica e operacional da tropa é, segundo o comandante-geral do Corpo de Fuzileiros Navais, o almirante de esquadra Carlos Chagas Vianna Braga, ela
ter sido reconhecida com o nível mais alto da Organização das Nações Unidas (ONU) para reação rápida de combate.
“Fomos inspecionados pela ONU, foi a primeira e única [tropa a adquirir a classificação 3 no Brasil]. Além disso, atualmente somos a única disponível no mundo [com esse nível de combate], já que as outras estão empregadas em outros conflitos”, explicou, em entrevista à Sputnik Brasil.
Caso seja determinado pelo governo brasileiro, as tropas dos fuzileiros navais podem ser deslocadas de forma imediata para qualquer local do mundo. “É uma decisão de Estado, o nosso papel como Forças Armadas e fuzileiros navais é estarmos sempre prontos para fazer isso acontecer”, acrescentou o almirante. Conforme Braga, os fuzileiros também fazem parte da única tropa profissional brasileira que está sempre em condições de combate.
“Por sermos uma tropa pronta, treinamos o tempo todo em condições realísticas. E uma dessas capacidades acontece por meio das operações anfíbias”, declarou. Um dos exemplos é o treinamento dos militares entre a água e a terra: os fuzileiros são preparados para conseguir desembarcar rapidamente de um navio e se posicionar no litoral ou na margem de um rio, onde vão estabelecer “seu poder de combate a partir do zero”.