Putin ganhou a guerra

Num artigo de opinião hoje na alemã Focus, o autor convidado, o jornalista berlinês Gabor Steingart, enumera os seis indícios que sugerem que Putin será a estrela em ascensão de 2024 e que Zelensky, outrora célebre pelo seu espírito de resistência, será o perdedor do ano. Em primeiro lugar, a Ucrânia é um país exausto, […]

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Num artigo de opinião hoje na alemã Focus, o autor convidado, o jornalista berlinês Gabor Steingart, enumera os seis indícios que sugerem que Putin será a estrela em ascensão de 2024 e que Zelensky, outrora célebre pelo seu espírito de resistência, será o perdedor do ano.

Em primeiro lugar, a Ucrânia é um país exausto, com milhões de refugiados que não vêem a hora de voltar às suas casas e terras. A estratégia de isolamento da Rússia desenhado pelo Ocidente falhou, este é o segundo indício. A Rússia  “continua a mostrar vitalidade económica”, diz. As sanções ocidentais tiveram um efeito a curto prazo, que foi compensado pela reorganização das cadeias de abastecimento e pela criação de uma economia de guerra.”É difícil pôr de joelhos a maior potência mundial de matérias-primas”.

Em terceiro, os EUA agiram como interesseiros. “America first – Ukraine last”, aponta o autor. Apesar dos discursos inflamados de Joe Biden, também os democratas perderam o apetite pelo financiamento de guerras no estrangeiro. Em quarto lugar, a posição irredutível do chanceler Olaf Scholz em não envolver a Alemanha diretamente no conflito.”O país não está preparado – nem financeiramente, nem politicamente – para fazer “all in””, observa o artigo.

Seria irrealista lançar a Alemanha numa guerra contra a Rússia, contra os seus próprios interesses. Também na Alemanha, o campo conservador já está dividido. O antigo líder da CDU, Armin Laschet, atual vice-presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, surgiu como um surpreendente opositor ao seu sucessor, Friedrich Merz, um falcão anti-Rússia. Laschet pode ter perdido as eleições para o Bundestag, mas não a sua influência dentro da CDU de Merkel. A sua postura é muito mais cautelosa em relação ao papel da Alemanha no conflito ucraniano.

O autor refere como sexto indício, a comunidade empresarial. Os homens de negócios querem reabrir as relações com a Rússia e aguardam grandes negócios na reconstrução da Ucrânia. Investidores, chefes de empresas e inclusive Estados, já se preparam para um projeto que, segundo estimativas do Banco Europeu de Investimento, poderá custar R$1 trilhão de dólares em dinheiro privado e público. Como conclusão, Steingart diz que Putin pode estar satisfeito com o curso da história, tal como ela se desenvolveu desde a sua invasão da Ucrânia. Ganhou novos aliados, novos clientes para matérias-primas e mais território. Tem um lugar à mesa dos gabinetes em todos os países do G20. O seu aliado mais importante: um Ocidente indeciso, cuja retórica nunca acompanhou a realidade», conclui a peça.