O Ministério Público do Rio Grande do Sul instaurou três inquéritos para investigar a atuação do grupo Equatorial por causa da demora prolongada no restabelecimento da energia elétrica, principalmente na zona sul do Estado, após a passagem do segundo ciclone extratropical entre os dias 11 e 13 de julho.
Milhares de gaúchos e gaúchas chegaram a ficar uma semana sem luz após o fenômeno climático, que havia sido anunciado com antecedência pela Defesa Civil do Estado, sofrendo prejuízos de toda ordem em pleno frio do inverno.
A Equatorial arrematou por apenas R$ 100 mil o braço da distribuição da Companha Estadual de Energia Elétrica (CEEE), durante leilão promovido em 31 de marco de 2021 pelo governador Eduardo Leite (PSDB).
Segundo a empresa, que usa o nome de CEEE Equatorial para jogar a precarização dos serviços nas costas da companhia pública que já não existe mais, o abastecimento foi quase normalizado na tarde desta quinta-feira (20), restando ainda pontos isolados com problemas na região de Pelotas.
No tempo da CEEE, nunca houve tão longa demora para garantir a volta da luz.
Demissões em massa e precarização
O presidente do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), Antonio Silveira, lembra que a Equatorial, logo depois da privatização da CEEE, “se livrou de mais de 1.000 trabalhadores, quase todos eletricistas, e hoje restam somente uns 600 oriundos da antiga empresa pública”.
No lugar dos demitidos, em vez de admitir, treinar e qualificar novos empregados, a Equatorial contrata empresas terceirizadas, como a Sirtec e o grupo Setup, que presta serviços de energia, vigilância, rastreamento veicular e manutenção de elevadores.
“Não é à toa que os serviços pioraram, como mostra essa longa falta de luz em milhares de residências gaúchas após temporais e ciclones”, destacou o presidente do Sindicato, salientando que a situação não é muito diferente nos demais estados onde a Equatorial atua: Maranhão, Pará, Piauí, Amapá e Goiás.
Rio Grande, Pelotas e São Lourenço do Sul
Os inquéritos foram abertos pelas promotorias de Justiça de Rio Grande, Pelotas e São Lourenço do Sul. Os procedimentos buscam identificar se houve atuação da empresa no sentido de prevenir falhas no fornecimento e na prestação do serviço, além de buscar entender o tempo de demora.
“A excessiva demora no restabelecimento está indicando uma falta de planejamento para o enfrentamento de situações adversas”, afirmou o promotor Rudimar Tonini Soares.
O promotor, que atua na 1ª Promotoria de Justiça Especializada de Rio Grande, destacou que o evento climático foi anunciado com antecedência, exigindo uma preparação não demonstrada pela empresa.
Em Pelotas, o inquérito visa apurar se a empresa atuou para prevenir falhas no fornecimento, por não ter sido a primeira vez que um fenômeno parecido atingiu a região no ano.
O inquérito aberto em São Lourenço do Sul tem o objetivo de acompanhar a regularização do fornecimento do serviço e verificar possíveis falhas no trabalho prestado.
Já em São José do Norte, consumidores registraram denúncia junto à Promotoria de Justiça local que verificou a situação e instaurou uma notícia de fato, para que a concessionária privada regularize os problemas apontados.
A Equatorial é responsável pelo atendimento de cerca de 1,8 milhão de gaúchos e gaúchas em 72 municípios das regiões Metropolitana de Porto Alegre, Sul, Centro-Sul, Campanha, Litoral Norte e Litoral Sul.
Com informações do Sul21 e GZH