A prisão preventiva de Silvinei Vasques, ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), nesta quarta-feira (9), é apontada como correta, mas tardia. A própria CPMI dos atos golpistas cogitou deter Vasques por falso testemunho no dia de seu depoimento, em 20 de junho. Em vários episódios no período em que esteve no poder, à frente da PRF sob Jair Bolsonaro, ele teve comportamento agressivo, beirando a truculência, típico do bolsonarismo.
Em 30 de outubro de 2022, quando promoveu bloqueios nas estradas do Nordeste para impedir que eleitores de Lula chegassem aos locais de votação, foi convocado por Alexandre de Moraes, que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para comparecer com urgência ao seu gabinete.
Vasques chegou ao local acompanhado de agentes ostensivamente armados, como ele próprio, e repetiu a versão de que a operação visava apenas fiscalizar pneus carecas de ônibus. Mas ouviu de Moraes que, se não interrompesse “imediatamente” as operações nas estradas, seria preso em flagrante, multado em R$ 100 mil e afastado das funções. Foi obrigado a cumprir a ordem.
Em 20 de junho, ao chegar para depor à CPMI , afirmou a jornalistas, enquanto caminhava: “hoje é dia de trazer a verdade para cá e acabar com esse monte de fake news que ocorreu até agora”. Durante a gestão de Vasques, a PRF passou a fazer ações em áreas urbanas, extrapolando suas funções, segundo a concepção bolsonarista de polícia. A responsabilidade da PRF se resume à segurança e repressão ao crime nas rodovias e estradas federais.
O caso Genivaldo
O caso mais emblemático da PRF de Jair Bolsonaro sob Silvinei ocorreu em 25 de maio de 2022. Agentes da corporação abordaram Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba (SE), por estar sem capacete em sua moto. Foi colocado dentro do porta-malas da viatura policial, onde os agentes lançaram bombas de gás lacrimogênio e o fecharam lá dentro.
O assassinato foi classificado como nazista por especialistas em direitos humanos e teve repercussão internacional. O rapaz tomava medicamentos para esquizofrenia.
PRF divulga nota sobre prisão
Após a prisão do ex-diretor, a PRF divulgou nota oficial, publicada em sua página na internet às 9h49 desta quarta-feira (9), em que afirma que “acompanha a Operação Constituição Cidadã, que resultou na prisão do ex-diretor-geral, Silvinei Vasques”, ocorrida na manhã de hoje, em Florianópolis (SC).
A Polícia Federal (PF) está cumprindo diversos mandados de busca e apreensão por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo a nota divulgada, o corregedor-geral da PRF, Vinícius Behrmann, acompanha a operação, desde o início da manhã, na sede da PF, em Brasília.
“A PRF colabora com as autoridades que investigam as denúncias de interferência do ex-diretor-geral no segundo turno das eleições para a Presidência da República, em 30 de outubro de 2022, com o fornecimento de dados referentes ao trabalho da instituição, como o número de veículos fiscalizados e multas aplicadas nas rodovias federais”.
A corporação informa ainda que “paralelamente às investigações no STF, foram abertos três processos administrativos disciplinares, no âmbito da PRF, para apurar a conduta do ex-diretor-geral”. Esses procedimentos foram encaminhados à Controladoria-Geral da União (CGU).