Com dificuldade de se recuperar nas pesquisas eleitorais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) está cada vez mais inquieto e vem repetindo a interlocutores diversos em Brasília, inclusive de seu próprio governo, que tem certeza de que será alvo de inquéritos que teriam como objetivo levá-lo à prisão caso perca as eleições, em outubro. Bolsonaro também acredita que seus filhos podem se tornar alvos mais fáceis caso deixe a Presidência da República.
Essa possibilidade estaria deixando-o “transtornado”, em alguns momentos. As informações são da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo. A coluna ouviu ontem (1º) quatro relatos diferentes que descrevem que esse assunto vem sendo pautado com frequência, com variações apenas quanto ao tom do presidente. Segundo políticos e autoridades que não integram o governo, mas que conversaram nos últimos dias com ele, Bolsonaro tem dito que reagirá e que não será preso com facilidade.
Alvo de denúncias
Um de seus auxiliares descreveu que o presidente fala em perseguição e que “estão loucos” para prendê-lo. Mas ele não seria “ingênuo” como seus antecessores. Uma referência aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (MDB). Lula chegou a ficar 580 dias na prisão por um processo julgado posteriormente parcial e que anulou todas as acusações contra o petista. Já Temer, conduzido duas vezes às celas pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, foi solto em menos de 10 dias.
PEC dos aliados
Essa hipótese explica em parte, como reporta a coluna, a intensidade dos ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Assim como a manobra de seus aliados no Congresso, que vêm articulando uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para impedir que ex-presidentes sejam presos. Bolsonaro estaria cada vez mais acuado. O que o leva a aumentar as reações antidemocráticas numa escala sem limite.
A própria PEC, conforme mostrou a RBA, vem sendo usada por políticos do chamado centrão – grupo de partidos que apoia e sustenta o governo no Legislativo – para comprometer o presidente e seus apoiadores com uma trégua nos ataques ao judiciários. A ideia do grupo é forçar um acordo com os demais poderes.