O relatório da CPMI do 8 de janeiro, apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-AM), aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “o verdadeiro autor, seja intelectual, seja moral, dos ataques perpetrados contra as instituições”, em Brasília.
De acordo com o parecer de Eliziane, o ex-chefe do Executivo “instrumentalizou não somente órgãos, instituições e agentes públicos, mas também explorou a vulnerabilidade e a esperança de milhares de pessoas”.
A senadora ainda diz que o ex-presidente se utilizou como pôde do aparato estatal para atingir seu objetivo maior: “cupinizar as instituições republicanas brasileiras até a sua total podridão, de modo a ascender ao poder, pretensamente perene, de modo autoritário”, disse Eliziane.
“O então presidente foi o responsável direto, o mentor moral, por grande parte – senão todos – dos ataques perpetrados a todas as figuras republicanas que impusessem qualquer tipo de empecilho à sua empreitada golpista”.
O relatório da comissão também destaca que não se pode considerar que os bolsonaristas que promoveram os ataques às sedes dos Três Poderes, na capital federal, agiram “sem vínculo subjetivo”.
“Não eram meramente ratos solitários (”lone rats”). Muitas dessas pessoas foram manipuladas por indivíduos que as instrumentalizaram para seus fins criminosos, contrários à convivência pacífica que deve permear as relações sociais e políticas, no Brasil e no mundo”, ressaltou a senadora.
Golpes modernos apurados pela CPI do 8 de Janeiro
“Os golpes modernos à esquerda e à direita não usam tanques, cabos ou soldados”, afirmou Eliziane. “O golpe deve fazer uso controlado da violência. É preciso, sobretudo, que o golpe não pareça golpe.” Segundo a senadora, o processo começa com “guerra psicológica”, à base de mentiras, disseminação do medo, fabricação do ódio.
“É tanta repetição, repetição, repetição, potencializada pelas redes sociais, pelo ecossistema digital, que muitos perdem o parâmetro da realidade”, acrescentou a relatora. “O golpe avança pela apropriação dos símbolos nacionais. O golpe continua pelas tentativas de captura ideológica das forças de segurança. Por isso é importante atacar as instituições, descredibilizar o processo eleitoral.”
Generais de Bolsonaro
Além de Bolsonaro, ela pediu o indiciamento de nomes próximos ao ex-presidente. Por exemplo, os generais Braga Netto (ex-ministro da Defesa), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência). Assim, também entraram na lista Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal) e Silvinei Vasques (ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal).
O relatório da CPMI do 8 de Janeiro recomenda a criação do Memorial em Homenagem à Democracia. Seria instalado na área externa do Senado. A ideia é lembrar os ataques e reforçar que o Brasil é um Estado democrático de direito.
O relatório completo pode ser visto aqui.
Com informações da Agência Senado e DCM