Câncer de testículo: autoexame facilita diagnóstico precoce

Pessoas com histórico familiar devem fazer acompanhamento anual a partir dos 15 anos de idade A recente perda do ex-jogador Leandro Domingues, ídolo do Esporte Clube Vitória, aos 41 anos, reacendeu um debate urgente sobre a saúde masculina. Diagnosticado em 2022 com câncer de testículo, o atleta enfrentou tratamentos convencionais e até um transplante, mas […]

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Pessoas com histórico familiar devem fazer acompanhamento anual a partir dos 15 anos de idade

A recente perda do ex-jogador Leandro Domingues, ídolo do Esporte Clube Vitória, aos 41 anos, reacendeu um debate urgente sobre a saúde masculina. Diagnosticado em 2022 com câncer de testículo, o atleta enfrentou tratamentos convencionais e até um transplante, mas não resistiu às complicações da doença.

Casos assim reforçam a necessidade da conscientização sobre a importância da detecção precoce desse tipo de tumor, que, embora raro, é o mais comum entre homens jovens. “Embora seja, estatisticamente, uma doença pouco frequente é muito importante falarmos sobre o câncer de testículo em virtude do alto índice de cura, (cerca de 90% dos casos) quando diagnosticada na fase Inicial”, afirma o urologista da Hapvida e especialista em uro-oncologia, Leandro Ferro.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 1.700 novos casos da doença em 2025. O câncer de testículo corresponde a 1% dos tumores malignos em homens, e é predominante na idade jovem, entre 15 e 35 anos. Leandro explica que é possível perceber os sintomas, ainda na fase inicial, por meio do autoexame. “Assim como as mulheres fazem o autoexame da mama, os homens também precisam fazer o autoexame da genitália. A população masculina precisa se conscientizar da necessidade de conhecer seu próprio corpo e ser capaz de notar qualquer alteração, por menor que seja”, adverte.

Educação e prevenção: o papel do autoexame
Além do acompanhamento médico regular, o especialista enfatiza a prática mensal do autoexame testicular. “Após um banho preferencialmente quente, quando a pele está relaxada, palpe os testículos em busca de alterações de tamanho, textura ou nódulos. Qualquer anormalidade exige avaliação imediata”.

O exame do toque facilita a localização de caroços, nodulações, massas e pontos de dor, que devem ser tidos como sinais suspeitos. O especialista ressalta que qualquer um desses sinais devem ser considerados com suspeita de processo tumoral.

Segundo o urologista, o maior erro da população masculina é não prestar atenção aos pequenos sinais, que em grande parte só são percebidos com o autoexame. “A maioria dos pacientes só percebem a doença quando ela já está avançada. O sintoma inicial mais comum é um nódulo endurecido e indolor no testículo, facilmente identificável por meio do autoexame ou em consultas de rotina, mas o machismo e a falta de conhecimento sobre o tema ainda são tabus que refletem diretamente na evolução da doença promovendo diagnósticos tardios”, explica o especialista em uro-oncologia.

Ferro ressalta que a criptorquidia — condição em que o testículo não desce para o escroto na infância — é um fator de risco. “Pacientes com esse histórico devem redobrar a vigilância. A ultrassonografia testicular é a ferramenta mais eficaz para confirmar suspeitas”, afirma.

Por que o diagnóstico precoce salva vidas?
Quando identificado em estágio inicial, o câncer de testículo tem taxa de cura superior a 95%. O primeiro passo terapêutico é a orquiectomia radical (remoção do testículo afetado), procedimento que, associado a quimioterapia ou radioterapia, garante alta eficácia. “Infelizmente, muitos homens ainda negligenciam sintomas ou postergam a ida ao urologista, o que pode levar a metástases e complicações sistêmicas, como falta de ar e perda de peso”, alerta o médico.

A história de Leandro Domingues, assim como a de outros jovens, serve de alerta: a saúde masculina não pode ser negligenciada. “A medicina avançou, mas a conscientização ainda é nossa maior arma”, defende o urologista.